TcheLinux Pelotas 2012 – Algumas impressões

Nesse último sábado aconteceu o TcheLinux Pelotas na edição 2012, onde tive a oportunidade de apresentar a palestra “Por que usar Software Livre afinal?”. Baseado no paradigma do “Zen Presentation”, “Death by Powerpoint” e afins a apresentação é feita pensando em quem podia estar lá ouvindo o que eu ia falar, mas de qualquer maneira  vou escrever uma série de textos sobre os assuntos que eu falei lá.

Segue abaixo os slides, espero que possam ser úteis.

Sobre o evento em si eu gostei muito. Recarregou minhas energias. Não tenho ido muito em eventos de tecnologia fora da região sul (e por aqui não tem havido muitos) então sempre é bom (re)encontrar pessoas da área fora da correria do ambiente de trabalho.

Infelizmente eu tinha um outro compromisso e não pude ficar até o fim mas gostei bastante do que pude assistir:

A palestra do Rafael Padilha estava bem legal. É sempre importante que tenham palestras introdutórias para incentivar quem está começando. Todo mundo teve que dar seus primeiros passos e com algumas dicas fica sempre mais fácil.

O Rafael fez um post sobre a palestra. Clique aqui para ver.

Depois já no período da tarde assisti o Jerônimo e a palestra “Guia do SysAdmin das Galáxias”. Muito boa tanto para iniciantes como para quem já tem um pouco mais de experiência.

Por último veio o Gustavo Ciello com uma palestra sobre o servidor web Nginx. É o servidor usado pelo Facebook e foi projetado para ser capaz de lidar com uma quantidade  absurda de requisições, embora não seja tão modular quanto o Apache. Enfim, para cada fechadura uma chave.

Achei legal ver vários rostos diferentes na organização. Essa renovação é importante pois embora organizar eventos seja bem recompensador é bastante cansativo.

Por fim acredito que esse tipo de eventos é algo essencial para o fortalecimento do ecossistema de TI da região e com isso temos todos só a ganhar.

Espero que você tenha ido nesse, ou se não foi que possa participar dos próximos que com certeza virão.

[Resenha] Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes – Parte 2/2

Conforme eu falei na primeira parte, terminei faz pouco tempo de ler o livro “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes“. Ainda no post anterior, falei de alguns conceitos que o autor usa durante todo o livro, como círculo de influência, de dentro para fora e conta bancária emocional, entre outros.

Agora vou falar sobre os 7 hábitos que dão nome ao livro.

Os 7 hábitos são divididos em dois grupos principais e um dos hábitos não se restringe aos dois grupos.

A primeira parte do livro, aproximadamente a metade trata dos 3 primeiros hábitos que juntos formam a “Vitória particular“.

Em concordância com o conceito “de dentro para fora”, os três hábitos enfatizam o indivíduo e o seu interior. Segundo Stephen sem obter minimamente a vitória particular a pessoa não irá ter segurança e coragem suficiente para exercitar os hábitos do segundo grupo.

Os hábitos desse grupo são:

1) Ser proativo: Creio que a maioria de vocês já está bem familiarizado com esse conceito. Basicamente diz que devemos tomar em nossas mãos a responsabilidade por nossa vida, ao invés de deixar isso para que o nosso conjugê, pais, filhos ou chefe escolham como devemos viver nossa vida.

2) Começar com o objetivo em mente: Esse hábito diz que devemos sempre definir objetivos, e mais do que isso, definí-los com base em onde queremos chegar. O que queremos em nossa vida em 10, 20, 50 anos? O que queremos que as pessoas pensem sobre nós em nossa morte? Embora um pouco sombria, essa perspectiva pode nos ajudar a separar o que é importante do que não é.

3) Primeiro o mais importante: Uma vez que já sabemos quais os nossos objetivos e onde queremos chegar, esse hábito nos diz que devemos agir no nosso dia a dia de acordo com os nossos objetivos e de acordo com nossos valores, para que o resultado da soma das nossas ações seja mais próximo de onde realmente queremos chegar.

Também é apresentada uma analogia interessante para quem gosta de programar: o hábito 1 seria como se tomassemos consciência de que podemos programar nosso destino, o hábito 2 representa que vamos escrever o ‘programa’ das nossas vidas, e o hábito 3 equivaleria à executar o programa.

A seguir são apresentados os próximos 3 hábitos, que formam o que é chamado de “Vitória Pública“, que no caso não significa vencer as demais pessoas, mas sim vencer COM as demais pessoas. São eles:

4) Mentalidade Ganha-Ganha: A mentalidade ganha-ganha significa consiste em qualquer interação com outras pessoas buscar com que ambos ganhem, sendo que podemos aqui estar falando de contratos comerciais, sociedade ou até relacionamentos. A princípio muitas pessoas acham que não existe nada ruim se o outro lado perder e o seu lado ganhar, o problema conforme bem abordado no livro é que isso impede o crescimento mútuo e pode prejudicar interações futuras. Por exemplo um cliente que perdeu em uma negociação pode procurar novos fornecedores no futuro ou mesmo que não perceba a derrota pode perder dinheiro, se tornar menos competitivo e fechar a empresa, e o lado ganhador pode perder um cliente. Dessa maneira o melhor é sempre buscar uma soluções boa para todos.

5) Procure Primeiro Compreender, Depois ser Compreendido: Esse é básico na comunicação humana. Inúmeras vezes tentamos expor somente o nosso lado. Porém se cada um mostrar somente o seu ponto de vista a tendência é que um ponto em comum não seja encontrado.

6) Criar Sinergia: Sinergia é quando a soma dos resultados dos agentes envolvidos é maior do que a soma do valor individual de cada participante. É o famoso 2 + 2 = 5. Quando conseguem obter a sinergia é possível que os participantes mesclem o melhor de si e alcancem uma solução que sozinhos não atingiriam. Na verdade eu ache que esse hábito poderia ser um pouco melhor desenvolvido no livro. O autor fala mais das vantagens da sinergia mas não explica muito como atingí-la.

Por fim o sétimo hábito já é bem conhecido de quem estudou o ciclo PDCA ou Teoria de Controle e o autor chama de Afinar o Instrumento que nada mais é do que revisar a aplicação dos demais hábitos em um ciclo de melhoria contínua.

Resumindo achei o livro muito bom. Uma leitura bastante agradável e bastante embasada com várias situações pessoais do autor, tanto na vida pessoal como profissional. A revista Time o elegeu como um dos 25 livros mais influentes na área de gestão [1]. Na contracapa do livro consta uma declaração entusiasmada do Presidente da Procter & Gamble. Então vale a pena a leitura, especialmente para os interessados em desenvolvimento pessoal e também em gestão pois os hábitos também podem ser aplicados em organizações.

Foto de Stephen Covey

Um fato curioso é que o autor, Stephen Covey, morreu enquanto eu estava lendo o livro, em 16/7/12. Embora não conheça o restante da obra dele, apenas pela leitura desse livro sinto que perdemos uma grande ser humano.

[1] http://www.time.com/time/specials/packages/article/0,28804,2086680_2086683_2087685,00.html

 

[Resenha] Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes – Parte 1/2

Terminei de ler o livro “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes” de Stephen Covey faz pouco tempo. Embora o título seja meio auto-ajuda, se for é auto-ajuda da melhor qualidade possível.

O autor define 7 hábitos chave para que as pessoas possam aproveitar mais o seu potencial. Além dos hábitos em si, o autor apresenta alguns conceitos interessantes que ajudam a entender e aplicar os hábitos. Vou falar alguns desses conceitos nessa primeira parte e deixar para falar sobre os hábitos em si na segunda parte.

Dois conceitos muito interligados são o Círculo de Influência e o Círculo de Preocupação. O círculo de preocupação envolve tudo aquilo que nos afeta de alguma maneira, ou seja, impostos, clima, política, violência, nossos amigos, família, emprego. E com a Internet e a super-exposição de informação esse círculo é bem grande. Dentro do círculo de preocupação existe o círculo de influência, que é tudo aquilo que exercemos uma influência direta, ou seja, nossa família, nossos amigos e conhecidos, nosso emprego. Embora ele não sugira que nos tornemos alienados, ele sugere que concentremos nossos esforços em: 1º focar no nosso círculo de influência, já que o que está fora do mesmo não está ao nosso alcance e 2º buscar aumentar o nosso círculo de influência (que em uma situação limite seria quase o círculo de preocupação). Isso é bastante interessante pois pode nos ajudar a concentrar naquilo que podemos modificar. Ou então a buscar aumentar o nosso círculo. Exemplo: de forma pragmática não existe muito que eu possa fazer a respeito do desastre de Fukushima, então será que o melhor que eu posso fazer é ficar me preocupando com isso? Se realmente é algo importante, por que não trabalhar então dentro do meu círculo de influência, como por exemplo conscientizando a minha família e meus amigos sobre a importância de evitar desperdício de energia?

Com isso vem outro conceito que é “De dentro para fora”. A idéia é começar sempre com mudanças internas, ou seja, antes de tentar resolver o problema na corrupção no governo brasileiro, se questionar se nas minhas atitudes diárias eu estou começando a mudança. Ou na famosa frase de Gandhi: “Seja você a mudança que quer ver no mundo“. Isso também pode ser aplicado em organizações. Fazer uma mudança primeiro em um setor, depois em uma filial, etc.

Outro ponto que chama a atenção no livro é o conceito de Equilíbrio P/CP, onde P é o “produto” e CP é a capacidade de gerar esse produto, ou seja ter atenção tanto no processo, quanto no resultado. Ele dá diversos exemplos ao longo do livro. Um deles é com a criação de filhos, não adianta nada um filho passar em uma prova (P), se para isso foi feita tanta pressão que o filho vai ter que se tratar em um psicólogo. Por outro lado não adianta ser um pai que faz tudo que o filho quer (CP) enquanto a criança  não consegue passar de ano. É preciso manter o equilíbrio entre P e CP.

O último dos conceitos que gostaria de falar é o da Conta Bancária Emocional, que seria o conjunto de sentimentos que uma outra pessoa tem por nós e na qual devemos sempre fazer depósitos, através de ações que demonstrem o quanto as outras pessoas são importantes. Naturalmente também vamos fazer retiradas: atrasos, decepções, palavras dolorosas e erros que cometemos. É essencial que a conta fique ‘positiva’, principalmente com as pessoas com quem temos mais proximidade.

Por fim uma história do livro sobre as limitações na nossa percepção:

Eu me lembro do que aconteceu em uma manhã de domingo no metrô de Nova York. As pessoas estavam sentadas calmamente lendo seus jornais, quando de repente embarcou um homem com os filhos. As crianças corriam de um lado para o outro, atiravam objetos e até mesmo puxavam os jornais das pessoas no vagão, incomodando à todos. Mesmo assim, o homem que sentou ao meu lado não fazia nada.

Ficou impossível evitar a irritação. Eu não podia conceber que ele pudesse ser tão insensível a ponto de deixar que os seus filhos incomodassem os outros passageiros. Virei para ele e disse:

– Senhor, seus filhos estão perturbando os passageiros, será que não poderia dar um jeito neles?

O homem olhou para mim e disse calmamente:

– Sim, creio que o senhor tem razão. Acho que deveria fazer algo. Acabamos de sair do hospital, onde a mãe deles morreu há uma hora. Eu não sei o que pensar, e parece que eles também não sabem como lidar com isso.

Eu adaptei levemente a história para ficar mais curta um pouco mas espero que sirva para que vocês fiquem com vontade de ler.

Na segunda parte falarei sobre os 7 hábitos do título do livro.

Ao infinito e além!

Em termos de ciência a notícia do mês, sem dúvida, foi o pouso bem sucedido do rover Curiosity. No dia 6 de agosto o mundo todo pôde acompanhar em praticamente tempo real (existe um atraso de alguns minutos entre a Terra e Marte) a operação.

A missão é ainda mais difícil do que parece. Além da dificuldade inerente de pousar um objeto de forma autônoma na superfície de outro planeta, a superfície de Marte, rarefeita, complica mais ainda o processo.

O vídeo abaixo (em computação gráfica) retrata como seria o pouso e a sua dificuldade:

Mas o que eu gostaria de falar é sobre o nosso potencial como humanos e nosso potencial individual.

Se nós, como um todo, somos capazes de projetar e executar com sucesso uma missão desse nível de complexidade, será que não podemos também executar outros projetos? Não estou criticando a iniciativa da NASA, que certamente se justifica e irá trazer vários avanços para a ciência, além de ter um custo módico de R$2,5 bilhões [1], o que considerando o nível da proeza não é tanto.

A questão é: conhecemos nosso potencial? E uma vez que conhecemos o nosso potencial, como o estamos utilizando? Será que ao invés de encarar essas perguntas não estamos escondendo a nossa cabeça na areia?

Não precisamos ir à Marte. Mas também não podemos ficar parados. Por que não utilizar essa façanha humana para refletir aonde estamos e aonde queremos chegar?

[1] http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2012/08/06/jipe-robo-curiosity-da-nasa-pousa-com-sucesso-em-marte.htm