Melhor da semana 7 de 2021

Possivelmente você está em uma ou mais conversas em grupo em aplicativos tipo Whatsapp, Telegram ou afins. Jason Fried (Basecamp) fez um texto cujo título eu traduziria para “Conversas em grupo estão nos deixando ansiosos?”. O texto é uma postura bem crítica a essa tipo de ferramenta de comunicação e sugere algumas medidas de minimizar o problema. Leitura obrigatória nos dias de hoje: https://m.signalvnoise.com/is-group-chat-making-you-sweat/

O Pipoca & Nanquim fez um ótimo vídeo comentando os bastidores da criação do Quarteto Fantástico. Acabaram falando um pouco da história da própria Marvel, do Stan Lee e do Jack Kirby.

Também achei três vídeos bem legais falando sobre a franquia Fallout. Os dois primeiros são do The Enemy e falando sobre o surgimento da franquia, a história nos bastidores do seu desenvolvimento e os seus sucessores espirituais.

O terceiro é praticamente um documentário de mais de uma hora explicando porque o Fallout New Vegas é genial. Embora eu tenha um carinho especial pelo 3, tenho que admitir que são ótimos argumentos e o vídeo ficou muito interessante.

Outra sequência de vídeos bem legal é a do canal Tralhas do Jon que fez três vídeos explicando porque o Aranha do Sam Raimi, interpretado pelo Tobey Maguire, é o melhor Homem-aranha que já tivemos no cinema. Vou deixar abaixo o link da parte 1.

Bom, só aí tem bastante coisa. Então era isso.

Melhor da semana 6 de 2021

Do e-book do Derek Sivers achei uma recomendação para um ótimo vídeo do Louis CK “Everything Is Amazing And Nobody Is Happy”

Falando em humoristas ano passado eu conheci o canal do Arthur Petry. Um dos primeiros vídeos que eu vi dele foi o vídeo abaixo no qual ele tira um sarro do Rodrigo Constantino.

Falando no Arthur Petry possivelmente esse vídeo me apareceu como sugestão após assistir algum vídeo do Flow Podcast. O Flow é um programa de entrevistas (embora eles não se vejam como entrevista – seria uma conversa …) também é uma recomendação que eu deixo. Só que eles produziram praticamente um episódio por dia da semana (seg a sex) então é muita coisa, não tem como ver tudo. Vou deixar abaixo um dos melhores, que é onde eles entrevistam um cara chamado Dilera que ao mesmo tempo é engraçado em alguns partes e em outras passa por assuntos bem sérios. Ainda do Flow eu recomendo a entrevista com o SpaceToday, pra quem gosta de ciência.

Por essa semana está de bom tamanho.

Melhor da semana 5 de 2021

Resumo da vida e obra do escritor Mario Vargas Llosa: já tinha ouvido falar dele mas entendi melhor e fiquei mais interessado em ler os livros dele depois desse texto. Link https://ideiasradicais.com.br/mario-vargas-llosa/

Tentaram cancelar o Goku?!?! Sim, o personagem do anime Dragon Ball. É, realmente tem gente com tempo sobrando. Pelo menos isso acabou rendendo um vídeo do Wendel Bezerra (dublador clássico do Goku adulto) defendendo o personagem (ele é um pai ruim? Ele só quer encrenca?) ao mesmo tempo que expõe a bizarrice que é essa história de cancelamento.

Outro vídeo interessante que eu vi foi o filósofo Clóvis da Barros falando sobre arte, poder, pessoas fracas e fortes. Vale assistir pra quem gosta desses temas.

Por fim um canal que eu descobri e assisti vários vídeos é o do Núcleo Dharma. Apesar do nome remeter a Lost o assunto é defesa pessoal e artes marciais de um jeito descontraído. Um que acho que serve como bom introdução ao canal é esse abaixo, onde o Marco (autor do vídeo) fala sobre o Bushido – o caminho do guerreiro samurai, traduzido para os dias de hoje.

Se gostarem desse vídeo se inscrevam no canal do Marco.

Por hoje é só pessoal.

Derik Sivers e a sincronicidade

Já ouviu falar do termo sincronicidade? Pra não me demorar muito digamos que são aquelas pequenas coincidências da vida. Sabe quando você pensa em uma pessoa e depois a encontra na rua? Pois é.

Nessa semana passei por uma dessas. Primeiro lendo um post do blog do Daniel Wildt, que falava sobre lucratividade em projetos, vi uma referência ao blog de Derik Sivers em um texto que complementava o assunto. Achei bem legal o texto do Derik e também gostei de outros posts dele.

No dia seguinte, estava debatendo com um apoiador do Bolsonaro sobre um princípio de manifestações pró-impeachment que ocorreram em meados de janeiro. Ele fazia pouco caso, alegando que participaram um número pequeno de pessoas. Concordei que a participação não foi muito numerosa mas argumentei que naturalmente todo movimento começa com poucas pessoas. Ao falar isso lembrei do Ted Talk (abaixo) “How to Start a Movement” que aborda essa questão do começo de algo.

Eu tinha visto esse ótimo Ted Talk há um tempo e não me lembrava quem era o palestrante. Ao rever o vídeo pra enviar pro meu amigo vi o nome do mesmo. E para minha surpresa: Era Derek Sivers.

Pra completar quando estava buscando os links para escrever esse texto encontrei mais um bom artigo do Daniel, intitulado “Everybody wants to rule the world. But why?”. E nesse artigo mais um link para o ótimo artigo (só que dessa vez não foi para o site do Derek Sivers) “1000 True Fans” que vale a leitura (se não eu não o teria mencionado certo?) mas que resumindo argumenta que um criador de conteúdo só precisa de cerca de 1000 fãs “verdadeiros” para viver uma boa vida. Idéia interessante.

Resumo da história? O blog do Daniel Wildt merece ser lido 🙂

PS: Esse texto pareceu meio estranho? É que na verdade ele era pra ser o resumo da semana e acabou criando ‘vida própria’.

Uma resenha do livro Duna

Capa da edição da Aleph

Um planeta desértico com dois astros no horizonte. Uma ordem místico-religiosa que busca influenciar o destino do universo e cujos membros podem influenciar mentes fracas com palavras. Animais exóticos. Um imperador. Uma profecia. Parece familiar?

Aposto que você pensou nisso aqui

Possivelmente você pensou em Star Wars (ou Guerra nas Estrelas para quem eh das antigas).

Mas eu estou falando do livro Duna, escrito por Frank Herbert e lançado em 1965, portanto quase 10 anos antes de Star Wars (de 77). Embora a influência seja inegável, vamos à Duna.

A história se passa em um futuro no qual a humanidade se espalhou pela galáxia e passou a viver em diversos planetas. Nesse universo existe um produto muito especial que só existe em um planeta da galáxia, o planeta Arrakis, que também é conhecido como Duna. É dito que esse produto, chamado simplesmente de “a especiaria”, além de ter um sabor excelente é utilizado para as viagens espaciais. Portanto sem especiaria, sem viagens pelo espaço. Dessa forma, obviamente, Arrakis adquire uma importância geopolítica muito grande no universo de Duna. Porém apesar de ser muito importante Duna é um planeta inclemente: como seu nome já sinaliza o planeta é essencialmente um deserto gigante com baixíssima umidade no ar.

Essa característica de Duna faz com que o povo nativo do planeta, chamado de Fremens, desenvolvam uma cultura fortemente baseada na preservação e na importância da água. Por exemplo, entre esse povo, a moeda mais importante não é nenhum tipo de metal mas sim água. Outro aspecto que chama atenção em Duna são os gigantescos vermes de areia que andam abaixo da areia, ao menos na maior parte do tempo. Os vermes são muito sensíveis a barulhos e vibrações e atacam assim que detectam alguma possível presa. Sim, a idéia aqui é bastante semelhante ao clássico filme oitentista “O ataque dos vermes malditos”, mais um filme que com certeza bebeu da fonte de Duna.

Tipo isso mas com menos Bacon … Kevin Bacon

Um aspecto que me surpreendeu no livro foi que no universo de Duna computadores e máquinas afins estão banidos. Conta-se por alto que, milênios antes da história do livro em si, as máquinas se rebelaram e houve uma grande guerra entre máquinas e humanos e os humanos venceram mas concluíram que o risco de utilizar computadores é grande demais. Para resolver o problema da ausência de computadores existem os Mentats, que são seres humanos treinados desde a infância para usarem a lógica e fazerem cálculos complexos. Então acaba sendo um universo diferente do SciFi mais tradicional. Aqui temos alta tecnologia e até voo espacial mas não temos computadores ou robôs.

Nesse universo a humanidade se organizou em um intrincado sistema de feudos onde todos tem seus poderes limitados pelos demais. Existe a figura de um imperador que, embora temido e respeitado, não pode fazer tudo que quer sob o risco de causar uma revolta nas demais casas. Mas, nas sombras, os membros das casas e o imperador estão sempre buscando ampliar seu espaço de poder.

Mas isso tudo é o background de um universo rico criado por Frank Herbert. A história em si começa quando, buscando colocar um desafeto seu em uma situação desfavorável, o imperador nomeia o duque Leto da casa Atreides como responsável pelo planeta Arrakis. No universo de Duna isso implica que Leto e sua família precisam morar em Duna. E aí que a história começa.

Embora o livro também acompanhe o ponto de vista de outros personagens o protagonista é o filho do duque Leto, Paul Atreides. É pelos olhos de Paul que vamos conhecendo Duna e esse recurso é bem utilizado fazendo com que, as perguntas de Paul sejam as mesmas que o leitor provavelmente está se fazendo a respeito de Duna.

A mãe de Paul, Lady Jessica, participa de uma ordem mística religiosa composta exclusivamente por mulheres que tem representantes em diversos mundos do universo de Duna, conhecidas como Bené Gesserit. Como filho de Jéssica a mãe lhe treina em muito das práticas das Bené Gesserit, inclusive a de influenciar mentes fracas usando palavras (soa familiar?) e o duque e seu grupo também treina o seu sucessor em diversas artes de combate, militares e de corpo a corpo.

Em determinado momento do livro se desenrola uma conspiração para assassinar o duque e a mesma atinge seus objetivos. Entretanto seu filho Paul, ainda um adolescente, foge para o deserto junto com a mãe e ambos são dados como mortos. Ambos acabam se envolvendo com os Fremens e o objetivo de Paul passa a ser retomar o lugar de seu pai, e talvez ir até um pouco além. Existe uma profecia Fremen sobre um profeta e em vários momentos detalhes da profecia batem com feitos e fatos da vida de Paul. Essa profecia ocupa um lugar bastante importante durante o livro com isso mas múltiplas interpretações são possíveis.

Bom, o que eu achei do livro?

É complicado. Duna não é uma leitura leve. O livro tem seiscentas páginas e levei praticamente um ano lendo-o. A primeira parte não é tão empolgante. A conspiração contra o Duque ocorre aproximadamente na metade do livro e a partir daí o livro se torna bem interessante pois ficamos sabendo mais sobre a cultura Fremen e sobre os vermes de areia. Então a segunda metade do livro flui bem melhor. Entretanto o final eu considerei um pouco apressado. Explico. Durante todo o livro quase todos os personagens são retratados como muito inteligentes. Existem sempre “planos dentro de planos”. A quer matar B, mas ele sabe que B sabe disso então tem que agir já pensando em como fazer para lidar com a reação de B e assim por diante. Apesar disso, no final um dos principais personagens morre de uma maneira muito boba e a grande batalha para retomar Arrakis acontece em poucas páginas. Não posso deixar de ficar com a impressão que Frank Herbert já estava em 600 páginas e pensou “putzgrila, tá ficando muito longo, tenho que terminar isso aqui e rápido!”.

600 páginas?!?! Nem eu aguento mais escrever isso!

Ler esse último parágrafo pode dar a impressão que Duna é um livro ruim ou que eu não gostei e esse não seria um bom resumo. Duna trabalha de maneira muito legal aspectos como política (como ela é), guerra, religião, fé e ecologia. Sim, ecologia, no livro Arrakis é tão importante que é praticamente um personagem do livro e o autor fez o dever de casa da biologia e imaginou todo um ciclo da vida para Arrakis que soa muito consistente. Além disso, os Fremens tem também como forte influência em sua cultura a religião muçulmana. E isso tudo faz de Duna um livro que soa muito atual no nosso planeta que sofre de grandes problemas ambientais e geopolíticos, muitos deles ligados ao oriente médio.

Duna vai te fazer pensar no meio ambiente muito mais do que certas adolescentes por aí …

Tudo isso faz de Duna uma obra recomendável a todo fã de ficção científica e faz o sucesso de crítica e de público do livro ser totalmente justificável (segundo a wikipédia é o livro de ficção científica mais vendido de todos os tempos). O final do livro deixa alguns pontos em aberto e pretendo voltar algum dia ao universo de Duna nas suas continuações, começando com “Messias de Duna”, livro de 1969. Mas acredito que, assim como a especiaria, Duna é feito para ser consumido aos poucos. Até mesmo para não causar dependência.

PS: A edição da Aleph tá muito caprichada. A capa é muito bonita (foto lá de cima) e tem uma textura que torna o livro macio e agradável ao toque (por mais estranho que soe :P). A edição também trás um glossário (não sei se consta na edição original) com termos e palavras usados ao longo do livro que ajudam bastante.

Fontes das imagens:

Vingadores Ultimato: considerações e hipóteses

Confesso que achei bem corajosa a atitude da Marvel Studios de terminador “Vingadores – Guerra Infinita” com Thanos conseguindo seus objetivos. Claro que pra acompanhou os bastidores da produção e leu as HQs nas quais a obra se baseia já era bastante provável que Thanos ia conseguir as 6 jóias do infinito. Já era veiculado há muito tempo que Guerra Infinita e Ultimato seriam uma história só dividida em dois filmes – apesar que uns meses antes da estréia de Guerra Infinita os diretores afirmarem que os dois filmes não seriam relacionados (possivelmente pra despistar as pessoas). Se Thanos não conseguisse as 6 jóias ele seria só mais uma ameaça em potencial: mais do mesmo ao final das contas. E a Marvel não passou anos falando nas jóias simplesmente para que o Thanos “morresse na praia”. Porém, eu particularmente achava que a última cena de Guerra Infinita seria Thanos conseguindo as jóias, estalando os dedos e … luzes se acendem. Continua no próximo filme. Todo mundo ia ficar se perguntando o que aconteceu e o final de Guerra Infinita não seria tão trágico. Mas não foi assim que aconteceu.

O estalar de dedos nos quadrinhos – Sem resistência

E agora? Bom, também para quem acompanha quadrinhos sabe que morrer e voltar a vida é apenas mais uma segunda-feira no mundo dos super-heróis. Praticamente todos os heróis já ‘morreram’ de formas e por tempos variados. Alguns por somente algumas páginas enquanto outros ficam nesse estágio por anos. Mas eles voltam. Então as perguntas são: quem vai voltar no final no ultimato¹ e como?

A partir daqui o texto tem algumas hipóteses (construídas a partir das declarações e trailers – não de vazamentos): prossiga por sua CONTA E RISCO.

Bom, já temos algumas pistas. O próximo filme do Homem-aranha já está até gravado e Dr. Estranho 2 está agendado, entre outros filmes. Porém, a Internet já tinha notado que entre os sobreviventes do “estalo” estavam os 6 Vingadores originais. Ontem vendo mais uma entrevista dos diretores eles reafirmaram esse ponto – dando a entender que é algo relevante pra trama.

Conforme explicitado pelo Jovem Nerd, a partir dos trailers, o filme parece se passar ao longo de alguns anos. É possível que a Capitã Marvel encontre os vingadores sobreviventes e juntos decidam procurar Thanos logo após o terceiro filme. Como Thanos fala no trailer 3: “Não conseguiram viver com o próprio fracasso. Aonde isso levou vocês? De volta pra mim.”

Então eles vão lá e: perdem novamente, sendo uma virada de roteiro interessante. Possivelmente mais algumas baixas (Capitã Marvel? Rocket?). Os sobreviventes voltam pra Terra. Aí aparece o Homem-formiga (como visto no final do trailer 1) e eles descobrem que podem voltar no tempo. Acontece algo no passado e os seis vingadores originais descobrem que precisam se sacrificam pra conseguirem as seis jóias e salvar os demais (talvez seja explicado que quem se sacrifica por uma jóia não pode voltar). Então voltaria tudo ao status quo, porém nem Gamora nem os seis vingadores originais voltariam à vida. Afinal diferentemente dos quadrinhos atores envelhecem (e começam a cobrar mais caro pelos seus caches). Algo que reforça essa hipótese é que nenhum dos seis vingadores originais tem filmes agendados para os próximos anos. Seria uma forma da Marvel economizar um pouco de dinheiro com os atores e valorizar outras propriedades intelectuais.

PS: Não deve acontecer mais eu ia achar muito legal que o final do filme mostrasse um monstro saindo do chão em Nova York e (como os vingadores restantes ainda não se reagruparam) fica aquele suspense de “Quem poderá nos ajudar?” e nisso aparece um quatro de fogo no céu (referência ao quarteto fantástico que voltou pra Disney nos cinemas e agora pode aparecer nos filmes).

¹ Que péssima escolha de nome. Do dicionário: Ultimato. Substantivo masculino:
1. num processo de negociação diplomática, exigência, pedido ou proposta final cuja rejeição acarretará o fim das conversações e o uso de uma ação direta.
2. na guerra, comunicado enviado por um chefe militar ao inimigo exigindo rendição imediata, sob ameaça de obtê-la por meios mais violentos.

Além de ultimato não ser uma tradução para “Endgame”, não faz sentido, pelo que vimos nos trailers. Alguém vai dar um Ultimato no Thanos? Aparentemente não.
O problema do nome se agrava pois existe nos quadrinhos um arco de histórias com esse nome, que envolve o Magneto e portanto não tem absolutamente nenhuma relação com o filme. Se quiserem um dia adaptar esse arco qual vai ser o nome que vão dar? Fim de jogo?

Como começar a ler quadrinhos de super-heróis? – Parte 1

revistas x-men
Coleções – Cuidado com esse vício

Inegavelmente os Super-heróis estão na moda. Quando isso vai passar? Acho que ninguém sabe mas com certeza toda essa quantidade de filmes, séries, animações deve estar deixando muitas pessoas com curiosidade de conhecer o material original: os quadrinhos, ou gibis (cuidado tem alguns fãs de quadrinhos que não gostam desse termo).

Porém o universo dos quadrinhos é um pouco hermético. Pra começar que existem dois principais universos compartilhados (Marvel e DC, cada um com uma editora por trás). Então não, o Homem-aranha não ‘mora’ no mesmo planeta que o Batman, então dificilmente um vai aparecer na história do outro. Fazendo um paralelo com futebol é como se cada um fosse uma ‘liga’. Então assim como o Barcelona não joga no campeonato brasileiro, o Bragantino não joga no campeonato espanhol. Mas se forem feitos acordos entre os donos dos personagens amistosos podem ocorrer mas isso é assunto pra outro texto.

Outra coisa que dificulta um pouco são os fortes toques de fantasia e ficção científica, às vezes misturados. Então nos quadrinhos poderes mágicos podem conviver com alienígenas e viagens no tempo. Isso quando não aparecem alienígenas viajantes do tempo COM poderes mágicos. Embora alguns personagens, como por exemplo o Justiceiro, geralmente tenham histórias mais “pé no chão” (na maioria das vezes), a imaginação é o limite.

Inclusive um outro conceito, comum na ficção científica, presente aqui é o de universos alternativos. Então existem múltiplos planetas Terra e em algumas histórias heróis e vilões passam de um mundo para o outro. Muitas vezes esses mundos são afetados por pequenas mudanças que ao longo do tempo tornam os universos totalmente diferentes (seguindo aquele conceito de que “o bater de asas de uma borboleta pode gerar um furacão no outro lado do mundo”). Por exemplo em uma determinada história somos apresentados à uma versão da história do Batman em que Bruce Wayne é assassinado naquela fatídica noite no beco e é o seu pai que vira o Batman. Mais recentemente com o sucesso de filmes e séries é considerado também que cada série ou filme é um “mundo alternativo”. Por isso que existiriam o Hulk da série da década de 80 e o Hulk mais recente. Teoricamente um dia alguém pode fazer uma história em que eles se encontram. E como em quadrinhos os efeitos especiais tem custo quase zero basta algum roteirista querer.

Crise nas infinitas terras
Crise nas Infinitas Terras – Uma história famosa baseada no conceito de múltiplas “dimensões”

Pra dificultar ainda mais temos o fator do tempo. O Super-homem por exemplo, que geralmente é considerado o super-herói mais antigo foi publicado pela primeira vez em 1938. E os escritores geralmente levam em consideração as histórias anteriores e os acontecimentos históricos passados. Então temos aí, arredondando, praticamente 80 anos de histórias no caso do Super-homem. Histórias publicadas, geralmente, no formato mensal. Então só do Super-homem teríamos um volume gigantesco de histórias. Agora multiplique isso por inúmeros personagens. Esse conjunto de histórias chamamos de cronologia.

Dados esses fatores é natural se sentir meio perdido nesse mar de histórias: qual seriam as mais relevantes? Leio na ordem em que as histórias foram publicadas? Vou na banca e pego a revista com capa mais bonita?

Seguir a ordem cronológica não é uma estratégia que eu recomendo por dois motivos, primeiro que é muita coisa. Segundo que algumas histórias mais antigas não envelheceram muito bem. Alguns conceitos foram se aprimorando ao longo do tempo, como por exemplo, a questão do uso de armas. Em suas primeiras histórias o Batman usava armas (e embora eu não tenha visto ele matando ninguém fica implícito que alguém que saí por aí com uma arma está disposto à usá-la). Mais tarde é que foi sendo trabalhado o conceito de que o Batman não usa arma até mesmo com a justificativa que os seus pais foram assinados com armas. No começo também os vilões eram mais simples, bem e mal eram mais facilmente definidos. Depois que alguns vilões foram ganhando tons de cinza e nem todos tinham motivações tão simples.

Então a minha sugestão é: pegar os personagens que você gostou e procurar ler as histórias mais clássicas deles. Claro que alguns personagens são mais interessantes que os outros. Mas a medida que você for lendo vai ficar mais claro que a qualidade das histórias depende muito dos artistas que as criam. A leitura dos clássicos geralmente possibilita um melhor entendimento das características essenciais de cada personagem. E a medida que você for lendo também vai conhecer os seus roteiristas e desenhistas preferidos.

Esse texto acabou ficando um pouco longo então decidi dividí-lo em duas partes. Na segunda parte vou recomendar alguns clássicos de alguns personagens mais famosos que eu acho que podem servir de ponto de partida pra quem quer começar a ler mas fica se sentindo meio perdido.

PS: Só pra deixar claro que existem diversos outros sub-gêneros de quadrinhos, como os mangas japoneses; os quadrinhos europeus; voltados mais pra crianças como turma da mônica; etc. Procurei enfatizar os quadrinhos norte-americanos de super-heróis por ser o sub-gênero que eu mais consumo e aprecio. Mas essa é só a ponta de um enorme iceberg.

 

Slides da apresentação “Uso de Software Livre e Alternativas Open Source”


Segue acima os slides da minha palestra na I Semana Acadêmica da Licenciatura em Computação do IFSul.

Falei sobre o uso de Linux e Software Livre e apresentei algumas ferramentas desse tipo.

Melhor da semana – 12/11 à 18/11

E Stan Lee morreu …. 🙁
Mas foram 95 anos bem vividos. E pra celebrar a vida e obra dele, nada melhor do que uma entrevista sobre … vida e obra de Stan Lee

Destaco que Stan Lee me parece que é outra pessoa inteligente que (a julgar pela entrevista acima) não acredita puramente no “Faça o que você ama”. Ele diz na entrevista que gostava mesmo é de música, mas não era muito bom, então decidiu seguir carreira escrevendo que era uma segunda opção que ele também gostava mas na qual tinha talento. Talvez você pense “mas Stan Lee amava o que fazia”. Bom, a minha hipótese é que com o tempo ele se aprimorou e passou a amar o que fazia.

 

Kafka e a procrastinação
No mesmo dia da morte de Stan Lee li esse texto sobre Kafka, que diz que ele tinha sérios problemas com procrastinação. Não pude deixar de comparar os dois escritores. Kafka adquiriu fama mundial mas poderia ter feito muito mais.
https://mayooshin.com/akrasia/

 

Bill Gates parece ter reiventado o vaso sanitário
Possivelmente para quem está lendo isso não vai mudar muita coisa mas “A esterilização de resíduos humanos podem evitar 500 mil mortes de crianças e economizar US$ 233 bilhões por ano em custos para o tratamento de doenças como diarreia e cólera.”
É interessante para perceber que inovação nem sempre passa por bits e bytes.
http://www.osul.com.br/bill-gates-apresentou-o-vaso-sanitario-reinventado-sem-agua-nem-rede-de-esgoto/

 

Escola sem Partido: bom ou ruim?
Nesse semana me deparei com dois vídeos sobre o projeto Escola sem Partido e achei ambos com bons argumentos, mesmo um sendo mais receptivo ao projeto e o outro mais crítico. Acho interessante principalmente para mostrar que é um assunto bastante complexo, além de relevante.
Assistam os dois.
Marcel van Hattem defende:

Pirula critica:

 

Jogo do Cabo Daciolo??
E pra terminar em um clima mais ameno um vídeo engraçado. Alguém fez um vídeo-resenha de um jogo do Cabo Daciolo. Só tem um porém: o jogo não existe e o vídeo é uma brincadeira muito engraçada. Vale a pena.

[Resenha] O caminho da servidão

Capa do livro - O caminho da servidão
Capa do livro – O caminho da servidão

Antes de falar especificamente do livro, é preciso uma breve recapitulação sobre o contexto em que o mesmo está inserido. Hayek foi um economista ligado à escola Austríaca sendo aluno de Mises (que é um nome que ultimamente tem sido mais divulgado).

Para quem é, como eu, estudante originario das ciências exatas, o conceito de “escola de pensamento” não é tão claro, por isso sugiro que assistam o vídeo abaixo onde Hélio Beltrão, do Instituto Mises Brasil explica melhor esse conceito e faz uma introdução à escola austríaca.

Hayek ganhou o prêmio Nobel de economia em 1974 por “por seu trabalho pioneiro na teoria da moeda e flutuações econômicas e pela análise penetrante da interdependência dos fenômenos econômicos, sociais e institucionais”¹. Entretanto, sua obra mais famosa (“O Caminho”) não tem relação direta com o prêmio. “O Caminho da Servidão” é um tratado que também abrange filosofia e política.

Publicado em 1944, a obra surgiu pela preocupação de Hayek com o caminho que a Inglaterra estava tomando no pós-guerra. Segundo ele, algumas medidas em prol da centralização econômica haviam sido tomadas, inclusive em função da própria guerra, e estavam levando o país para caminhos que o aproximavam dos governos socialistas e principalmente fascistas. A obra teria surgido portanto para tentar evitar que a Inglaterra trilhasse “O Caminho da Servidão”.

Eu cheguei no livro pois estava interessado em começar a estudar mais sobre a Escola Austríaca. Dentre os vários livros que o Instituto Mises disponibiliza gratuitamente no seu site fiquei um pouco em dúvida por qual começar porém resolvi ler “O Caminho” depois que dois amigos comentaram comigo que estavam lendo o livro também. O mais interessante é que nós três não planejamos isso e chegamos à Hayek de maneira espontânea.

Sobre o livro em si. Admito que no começo achei a leitura um pouco chata, mas depois que me acostumei com o estilo de escrita de Hayek comecei a aproveitar melhor a leitura.

A idéia central do livro é que a determinação de controlar certos aspectos do livre mercado acaba gerando uma espécie de ciclo vicioso na qual as liberdades individuais acabam se perdendo gerando um sistema totalitário. O livro então é um tratado que explica o porquê e como isso acontece.

Em um certo momento do livro decidi fazer um fichamento capítulo à capítulo caso desejasse consultar a obra posteriormente, por isso seguem alguns comentários específicos sobre os capítulos e que começam no 7. Quem sabe no futuro eu atualizo a resenha com comentários sobre os demais capítulos. Notem que eu recomendo a leitura da obra como um todo e nesse aspecto os primeiros capítulos são a base para os demais.

Capítulo 7 – Aqui Hayek fala sobre a relação entre a liberdade econômica e as liberdades individuais e a importância da primeira. Fala que a perca da liberdade econômica implicará em um sistema totalitário.

Capítulo 8 – Fala sobre a justiça em um sistema capitalista e um sistema socialista. Qual seria mais justo? Como dividir as coisas? No final do capítulo fala sobre como o fascismo emergiu a partir do socialismo, ou melhor das classes que não se viram representadas pelos trabalhadores e queriam uma divisão diferente da sociedade. Também falha que se removermos os incentivos econômicos, restará o incentivo da violência e nesse caso se a falha de um indivíduo não o leva a falência o fará andar próximo da morte em todos os momentos.

Capítulo 10 – O nome desse capítulo é ótimo: “Por que os piores chegam ao poder” – Explica porque em um sistema com planejamento central as pessoas que irão prosperar na hierarquia de poder provavelmente são as que menos possuem escrúpulos.

Capítulo 11 – Essa capítulo fala sobre como os regimes totalitários precisam eliminar críticas a fim de não perderem força. Mais um incentivo à violência.

Capítulo 12 – Esse capítulo fala sobre de onde vem as ideias do Nacional Socialismo. Inclusive sobre isso vale o comentário de que Hayek explica que o livro se aplica e muito bem para o que aconteceu na URSS. Porém Hayek decidiu dar uma ênfase maior na experiência nazista pois ela era mais próxima na época da realidade do povo inglês (para quem o livro se destinava).

O capítulo 13 fala sobre intelectuais ingleses que defendem idéias estatizantes e o quanto essas idéias se assemelham às idéias socialistas e nazistas

Capítulo 14 – Aborda como a Inglaterra tem se afastado dos seus valores liberais característicos e como esses valores deveriam ser defendidos de peito aberto ao confrontados com ideologias totalitárias. Também fala sobre como um estado agigantado diminui a solidariedade de um povo.

Por fim o capítulo 15 fala sobre algumas limitações de organizações supranacionais e como se deve tomar cuidado para que essas organizações não se tornem também tirânicas para com seus países membro. Bem interessante de se analisar sob a luz do que se tornou a União Europeia nos dias de hoje.

Para concluir posso dizer que é uma obra muito vigorosa e que atinge o que se propõe, que é alertar sobre os perigos de uma sociedade com planejamento central. Não é o meu caso, mas acredito que a leitura atenta desse livro pode acabar com as crenças de muitas pessoas de que “o Estado deveria resolver” inúmeras situações. É preciso esclarecer entretanto que Hayek não propõe o fim do estado e segundo o autor existiriam funções que o mesmo precisa desempenhar. Não ficou muito claro a partir da obra qual seriam todas as atribuições do estado na visão de Hayek porém ele menciona segurança e justiça como sendo atribuições do estado.

Recomendo a leitura desse livro e pessoalmente recomendo que persistam. No começo a leitura talvez vá parecer um pouco árida porém a medida que se evolui no livro as coisas começam a fazer mais sentido e a leitura se torna agradável. Não é a toa que “O Caminho da Servidão” acabou se tornando uma obra muito popular.

———————————————————————————-

¹ https://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Hayek