Minhas leituras em 2021 – Livros

Como possivelmente eu não vou ter tempo e energia para fazer resenhas individuais das minhas leituras do ano passado decidi fazer um post falando brevemente dos livros e histórias em quadrinhos (como estava ficando muito longo deixei pra próxima postagem nunca) que li no ano de 2021, em ordem cronológica aproximada.

Elements of Libertarian Leadership – Leonard Read

Cheguei nesse livro por indicação do Raphael Lima em um dos vídeos dele. Quando ouvi falar dele fiquei bem interessado pois afinal eu tenho interesse em libertarianismo e também em liderança então pensei: “um livro que cubra os dois temas tem muito potencial e como o Raphael recomendou no mínimo deve ser um bom livro” e meus amigos … que decepção!

Sem me estender demais e tentando ser justo talvez em 1962, quando o livro foi lançado, tivesse algum valor mas os pontos interessantes que o autor fala sobre liderança hoje já são totalmente lugar comum, por exemplo, “aprimore a si mesmo para poder liderar melhor”. Para complicar, o autor parte de uma posição extremamente religiosa e apoia toda a sua visão na existência de Deus, inclusive alegando em alguns momentos da obra que você só pode ser “libertário de verdade” se tiver uma crença em Deus.

Não que tenha algum problema em ter posições religiosas mas usar isso para justificar uma teoria política não me parece combinar muito bem.

Não recomendo.

“Anything you want”, “Your Music and People” e “Hell Yeah or No” – Derik Sivers

São três livros mas que talvez algumas pessoas não considerem como livros propriamente (o que define um livro exatamente?). Digo isso pois os “capítulos” são basicamente pequenas postagens em um site que o autor reuniu cronologicamente em três livros e as postagens são praticamente autônomas entre si. Então eu fui lendo algumas postagens por dia e quando vi tinha lido todos os e-books dele que estão no site (ele tem um livro mais recente que, pelo menos até agora, não está disponível no site).

Quem é Derik Sivers? Derik basicamente é um músico esforçado que meio que “sem querer querendo” acabou criando uma gravadora de sucesso. Depois de um tempo ele decidiu que aquilo não era para ele e vendeu tudo e foi morar em algum país minúsculo.

Os textos são curtinhos, gratuitos e tem várias pérolas pra reflexão a partir do que ele viveu onde ele fala sobre a empresa, sobre o trabalho criativo, etc, etc. Minha sugestão: visite o site dele clique em um dos “livros” e leia dois ou três capítulos aleatórios. Talvez você goste.

Eu já tinha falado um pouco sobre o Derik aqui: http://vinicius.hax.tec.br/2021/02/derik-sivers-e-a-sincronicidade/

O Herói e o Fora da Lei – Margaret Mark e Carol S. Pearson

Após ver um vídeo que falava brevemente sobre alguns arquétipos junguianos que podem ser usados para a produção de histórias fiquei instigado pelo tema e fui procurar um pouco mais sobre o assunto e acabei topando com um vídeo que analisava esses arquétipos sob um ponto de vista de marketing. O vídeo (abaixo) indicava como referência o livro “O herói e o fora da lei”. Achei o assunto ainda mais interessante e fui atrás do livro. Gostei bastante da leitura mas realmente é um livro que não é para todo mundo. É essencialmente um livro de marketing (inclusive marketing pessoal).

Recomendo assistir alguns dos vídeos da playlist abaixo para entender melhor do que o livro trata caso o parágrafo anterior tenha soado interessante.


Pai & Executivo – Tom Hirschfeld e Julie Hirschfeld

Um amigo ia doar alguns livros e acabei aceitando a doação e esse foi um dos livros que veio no “lote”. Esse também foi outro que me pegou pelo título pois afinal eu sou pai e embora não seja um executivo tenho interesse nos temas que podem ser encontrados embaixo do título de executivo.

O autor defende e dá vários exemplos onde as habilidades de pai podem ser usados na vida de executivo e vice-versa. Embora não seja muito científico (e o autor principal é bem honesto em dizer que o livro é escrito baseado na experiência dele e na da esposa que é psicóloga) parece fazer sentido.

Aqui, tal qual o livro do Leonard, não senti como se estivesse lendo nada muito inovadora mas diferente do supracitado senti que foi importante ler e refletir sobre os temas apresentados. Também não é um livro para todo mundo mas achei muito válido pelo tema interessante e que merecia um pouco mais de atenção dado à sua importância.

O Incrível Steve Ditko – Roberto Guedes

Escrevi uma resenha mais detalhada para o livro aqui no blog mas resumidamente me decepcionei um pouco. Achei que o livro não tinha tanta informação quando eu esperava e tem alguns elementos de “encheção de linguiça”. Só recomendo para quem for muito fã do Homem-Aranha.

História do Mundo para Quem Tem Pressa – Emma Marriot

O título (e o subtítulo “Mais de 5000 anos de história resumidos em 200 páginas”) já resumem qual é a proposta do livro. E vou te dizer que dada a dificuldade da missão até que o livro cumpre o que se propõe. Claro que tudo é resumido mas isso era de se esperar. Ainda assim dá pra ter uma boa visão geral da história da humanidade.

Eu sempre me sentia um pouco culpado não saber muito da história da Europa depois da revolução francesa. Em minha defesa, não sei porque mas quase todos meus professores de história geral chegavam até revolução francesa e depois, quando muito falavam sobre a segunda guerra. Não sei se era porque a turma só conseguia andar até ali no conteúdo. Mas, um pouco em função disso, sempre achei que a história da Europa, principalmente pós revolução francesa, era muito confusa e fiquei um pouco aliviado em ler nesse livro que é porque é realmente confuso. São inúmeras guerras e disputas territoriais.

Alias, depois de ler esse livro, acho que se me pedissem pra resumir a história da humanidade em uma palavra eu diria: “violência”, pois é guerra que não acaba mais em todos os continentes possíveis. Felizmente vivemos em tempos mais pacíficos.

Um fato me chamou atenção ao ler o livro é que dizia que a Etiópia só foi abolir a escravidão em 1942, portanto muito depois do Brasil. Então essa história, muito comum no twitter, que o “Brasil foi o último país a abolir a escravidão” é falsa, se considerarmos o mundo todo.

Abrindo uma pequena tangente (e aproveitando pra conferir a informação do livro): Depois do Brasil “Seguiu a Tunísia (1890). Gâmbia (1894), Madagáscar (1897), China (1906), Serra Leoa (1928), Nigéria (1936), Etiópia (1942). Finalmente na Alemanha Nazi (1945), Marrocos (1956), Arábia Saudita (1962) e finalmente Mauritânia (1981).”

Fonte: https://www.infoescola.com/historia/cronologia-da-abolicao-da-escravidao-no-mundo/

Claro que 1888 é demais pra algo que não deveria ter acontecido mas convenhamos que o Brasil já tem muitos problemas pra carregar essa chaga desnecessariamente.

Sobre o livro, eu recomendo. Principalmente se você estiver com pressa.

Por último reproduzo trecho do meu texto sobre leituras que eu terminei em outubro:

Civilização – Niall Ferguson

Livro muito interessante (que merece uma resenha mais detalhada inclusive). Nele o autor se propõe a explicar quais foram os elementos que diferenciaram a civilização ocidental das demais civilização humanas. Só por curiosidade os elementos citados são: a competição, a ciência, o direito de propriedade, a medicina, o consumo e a ética do trabalho. Assim que possível escreverei essa resenha com mais detalhes.

As Seis Lições – Ludwig Von Mises

Livro com transcrições de palestras do Mises que foram proferidas na Argentina. O livro é bem curtinho, cada lição é uma palestra. Acho que pode ser interessante pra introduzir temas de economia. […]”

Sigo devendo um texto sobre Civilização (é que eu quero reler alguns trechos antes de escrever a respeito). Mas é um ótimo livro que eu recomendo à quem achou o parágrafo acima interessante.

As Seis Lições também é interessante mas é um livro bem básico. Então dependendo das suas leituras anteriores pode não valer tanto a pena. Mas achei um bom livro introdutório ao tema.

Melhor da semana – 12/11 à 18/11

E Stan Lee morreu …. 🙁
Mas foram 95 anos bem vividos. E pra celebrar a vida e obra dele, nada melhor do que uma entrevista sobre … vida e obra de Stan Lee

Destaco que Stan Lee me parece que é outra pessoa inteligente que (a julgar pela entrevista acima) não acredita puramente no “Faça o que você ama”. Ele diz na entrevista que gostava mesmo é de música, mas não era muito bom, então decidiu seguir carreira escrevendo que era uma segunda opção que ele também gostava mas na qual tinha talento. Talvez você pense “mas Stan Lee amava o que fazia”. Bom, a minha hipótese é que com o tempo ele se aprimorou e passou a amar o que fazia.

 

Kafka e a procrastinação
No mesmo dia da morte de Stan Lee li esse texto sobre Kafka, que diz que ele tinha sérios problemas com procrastinação. Não pude deixar de comparar os dois escritores. Kafka adquiriu fama mundial mas poderia ter feito muito mais.
https://mayooshin.com/akrasia/

 

Bill Gates parece ter reiventado o vaso sanitário
Possivelmente para quem está lendo isso não vai mudar muita coisa mas “A esterilização de resíduos humanos podem evitar 500 mil mortes de crianças e economizar US$ 233 bilhões por ano em custos para o tratamento de doenças como diarreia e cólera.”
É interessante para perceber que inovação nem sempre passa por bits e bytes.
http://www.osul.com.br/bill-gates-apresentou-o-vaso-sanitario-reinventado-sem-agua-nem-rede-de-esgoto/

 

Escola sem Partido: bom ou ruim?
Nesse semana me deparei com dois vídeos sobre o projeto Escola sem Partido e achei ambos com bons argumentos, mesmo um sendo mais receptivo ao projeto e o outro mais crítico. Acho interessante principalmente para mostrar que é um assunto bastante complexo, além de relevante.
Assistam os dois.
Marcel van Hattem defende:

https://www.youtube.com/watch?v=gnUtMZ1si9E

Pirula critica:

 

Jogo do Cabo Daciolo??
E pra terminar em um clima mais ameno um vídeo engraçado. Alguém fez um vídeo-resenha de um jogo do Cabo Daciolo. Só tem um porém: o jogo não existe e o vídeo é uma brincadeira muito engraçada. Vale a pena.

[Resenha] Trabalhe 4 horas por semana

Capa do livro "Trabalhe 4 horas por semana"
Capa do livro “Trabalhe 4 horas por semana”

Tem um livro que é bastante famoso mas que pelo título eu tinha misto de curiosidade e receio que é o “The 4 hour workweek”, traduzido no Brasil como “Trabalhe 4 horas por semana” do autor Tim Ferris.

Eis que me apareceu uma promoção da Amazon e resolvi comprar o livro. Quer saber o que eu achei? Continue lendo ….

O livro descreve um método que Tim sugere para que você possa trabalhar 4 horas por semana. Como isso é possível? Bom, ele começa apresentando um acrônimo onde cada letra representa um passo rumo ao objetivo: DEAL. Onde:

D – Definição
E – Eliminação
A – Automação
L – Liberação

E basicamente o livro é estruturado em 4 partes (mais um fechamento) onde cada parte Tim explica uma das letras do DEAL. Bom, e aí que a minha resenha se complica pois eu tive uma impressão diferente de cada um desses capítulos. Vamos à eles então:

D de Definição

Nesse capítulo basicamente Tim trabalha o fator psicológico do leitor, tentando mostrar que é possível, e sobretudo desejável ter uma vida de 4 horas de trabalho. Esse capítulo tem um tom meio de autoajuda e ao mesmo tempo ele fica toda hora tentando te “vender a ideia” do livro, mas achei meio chato isso afinal pra que vender o livro pra quem já está até lendo o livro? Nesse ponto eu estava achando uma leitura meio “falcatrua”.

E de Eliminação

Nesse ponto o livro melhora bastante pois se trata de algo mais prático. A ideia do capítulo é eliminar todas as coisas que significam desperdício de tempo. Desde aquelas que todos nós sabemos (mas é difícil de fazer) como parar de usar as redes sociais, especialmente no horário de trabalho. Por exemplo ele também sugere uma “dieta pobre em informação”, ou seja, nada de TV, jornais, revistas, etc. A ideia parece meio insana em um primeiro momento mas tem seu mérito. Segundo ele se algo for realmente importante você vai ficar sabendo.
Esse capítulo também fala um pouco sobre o princípio de Pareto ou regra 80/20 (que basicamente diz que 20% dos esforços trazem 80% dos resultados). Como o objetivo aqui é ter mais tempo, ele sugere que os empreendedores fiquem somente com 20% dos clientes que dão menos “trabalho” e diz que focar em manter e conseguir clientes menos trabalhosos, ao longo de um tempo pode trazer os 80% dos resultados.
Achei interessante esse capítulo pois ele também trás dicas bastante práticas de lidar com interrupções no trabalho, especialmente as típicas reuniões improdutivas. E aqui o livro mostra o seu valor indo nos detalhes realmente, apresentando possíveis argumentos e respostas a contra-argumentos que você pode usar com seu chefe para fugir de reuniões. Esse capítulo é particularmente interessante pois serve até mesmo se você apenas quer ser mais produtivo.

A de Automação

O passo seguinte é automatizar as tarefas que você não conseguiu eliminar. Essa automatização também se baseia na regra 80/20. Ou seja, segundo ele 20% das tarefas tendem a ocupar 80% do tempo e são essas que ele irá abordar nesse capítulo. A proposta aqui é usar o máximo de software possível (filtros de e-mail por exemplo) e outros para realizar tarefas repetitivas.

Quando não for possível automatizar via software o livro sugere fazer o mesmo via contratação de assistentes virtuais remotos. Para quem não conhece existem empresas no mundo que prestam esse serviço. Esse tipo de serviço pode incluir desde ler e responder e-mails por você, até fazer buscar na Internet, preparar relatórios e apresentações, etc. Ou seja, é terceirizar as suas atividades da semana. Obviamente isso só vai dar certo se você receber um valor para trabalhar e pagar uma parcela desse valor para o seu assistente virtual.

Tim não dá muita ênfase nos aspectos éticos de fazer isso. Ele sugere isso e menciona apenas atenção à acordos de confidencialidade que o seu contratante pode ter. Aqui fica nesse ponto fica escancarado que a “A semana de 4 horas” não é para todos, afinal se você vai contratar assistente, está implícito que os seus assistentes vão precisar trabalhar bastante. Além disso o autor usa as diferenças cambiais a seu favor. Se ele recebe em dólar, que é uma moeda valorizada, pode utilizar uma parte para si e outra para o assistente e provavelmente o mesmo vai ficar muito feliz com o dinheiro que está recebendo. Não que isso seja um problema necessariamente. Uma maneira de ver a questão é que você está gerando (pelo menos) um emprego em um país mais pobre.

E nesse capítulo Tim aborda um assunto que eu achei particularmente interessante. Afinal talvez você esteja pensando “mas a minha profissão requer a minha presença constante, para mim isso de terceirizar para um assistente virtual nunca iria funcionar”. Bom, aí ele sugere criar uma musa. O que seria uma musa? Uma musa seria um empreendimento projetado para requerer o mínimo possível de atenção sua. Um exemplo poderia ser um e-book ou um curso online, onde se você tiver um conteúdo demandado já existem plataformas que permitem que você receba uma renda recorrente daquele produto. Então Ferris sugere que você mude de carreira para (aos poucos) passar a viver somente com a receita da musa e quando conseguir isso aplicar o capítulo de automatizar.

Essa parte do livro ficou bem bacana pois o livro explica de forma bastante detalhada como você pode criar uma musa, incluindo uma grande quantidade de sites e serviços que poderiam te ajudar no processo. Infelizmente aí vemos a diferença entre tradução e localização. A versão traduzida aponta para serviços e sites dos EUA, sendo que muitas vezes o acesso aos mesmos seria dificultado por não estarmos lá. O melhor seria se na tradução fossem apontadas ferramentas acessíveis aos brasileiros. Ainda assim vale a leitura do capítulo pelas dicas para a criação de uma musa.

L de Liberação

Outro aspecto sugerido no método do livro é morar em algum país com custo de vida mais baixo. O autor inclusive menciona que morou alguns anos na Argentina. Recebendo em dólar e tendo despesas em outras moedas mais fracas a conta fecha mais facilmente.

E esse capítulo embora eu tenha achado um pouco distante da minha realidade particular eu achei interessante pois aqui também Tim parte para a prática e ensina como você pode convencer seu chefe à te deixar trabalhar de casa. Primeiro uma vez por semana, depois duas …. até que chegue na semana completa. Feito isso você pode trabalhar em qualquer lugar do mundo que tenha uma Internet razoável.

Tim argumenta que viver em outros países é muito mais barato do que se imagina, principalmente quando você fica tempo suficiente para poder alugar um imóvel e não depender de hotéis. Obviamente a semana de 4 horas exige uma vida mais simples, sem esbanjar dinheiro ou sair andando de Ferrari pelo mundo afora. O conteúdo do livro realmente faz jus ao nome e te entrega um método factível de viver uma vida com muito tempo livre e liberdade física, o que Ferris chama de “miniaposentadorias”.

Conclusão

Achei o livro bem legal. Como destaque positivo é que Tim Ferris realmente entra no detalhe e mostra maneiras de fazer a semana de 4 horas virar realidade. E mesmo que viver viajando por aí não seja o seu sonho o livro trás pequenas dicas de como podemos usar melhor o nosso tempo e até aumentar a nossa renda pessoal (através das musas) então todo mundo que ler vai se beneficiar com a leitura. Leiam e quando tiverem conseguido os benefícios decorrentes do livro volte aqui e uso o tempo livre para deixar um comentário 😉

[Resenha] A Revolta de Atlas

Aproveitando que hoje, 10 de outubro de 2017, é o aniversário de 60 anos do livro “A Revolta de Atlas” (Atlas Shrugged no original) resolvi desengavetar uma resenha que estava até então incompleta.

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O livro é um calhamaço de mais de 1200 páginas e portanto não considero uma leitura fácil. Felizmente ele volta e meia está em promoção no Submarino[1] (olhei agora e está praticamente R$50,00, se depois dessa resenha ficar em dúvida vale a pena esperar baixar um pouco – já vi o livro por cerca de R$25,00). Será que alguém está subsidiando o preço? Seriam os irmãos Koch? (Não vou postar links aqui pois não quero que vocês peguem câncer mas tem quem acredite que eles “patrocinam” a “direita” no Brasil.)

Pano de fundo do livro

É importanto dizer que Ayn Rand a escritora nasceu na Rússia e filha de pequenos comerciantes emigrou para os EUA ainda jovem. No entanto percebe-se facilmente nesse livro uma percepção bastante crítica da “revolução russa” por parte da autora. Além disso o livro é muito conhecido nos EUA. No próprio prefácio da obra diz que é obra de cabeceira de muitos empresários e empreendedores e seria a segunda obra mais influente daquele país ficando somente atrás da Bíblia.

Realmente a influência de Ayn Rand encontra-se espalhada pela cultura pop. Como alguns exemplos podemos encontrar referências a autora até no jogo BioShock[2]. Também foi noticiado que Ayn Rand é a leitura de cabeceira de Travis Kalanick[3], CEO do Uber. A escritora e filósofa também é citada explicitamente no álbum 2112[4] da banca de rock canadense Rush.

A história

O livro se passa em um futuro próximo onde quase todo o mundo é governado por tiranos populistas (qualquer semelhança com a Venezuela não é mera coinciência) mas trama em si se passa quase que totalmente nos EUA, a única nação onde ainda existe algum resquício de democracia e capitalismo no mundo do livro. A partir daí a premissa básica do livro começa a ser desenvolvida: E se as maiores mentes e líderes (empreendedores, cientistas, artistas e demais profissionais de destaque) do mundo começassem a desaparecer um por um? No livro isso leva a uma situação cada vez mais caótica, já que as pessoas que restam são somente burocratas que mal sabem botar a “mão na massa”.

Aspectos negativos

Conforme eu disse antes o livro é um calhamaço. Infelizmente em alguns momentos a história parece que não avança muito ou o faz lentamente, então me parece que seria possível resumir o livro sem perder muito para 1/3 do volume do mesmo.
Outra coisa que me incomodou foram os vilões, ou antagonistas: todo mundo parece incrivelmente burro e incapaz de ver onde vão dar as consequências dos seus atos. Fico na dúvida se essa retratação dos burocratas e inimigos foi proposital ou involuntária.
Por último entre os lados negativos eu citaria que o livro tem uma ou outra cena mais picante (nada que não apareça na novela da Globo hoje em dia), mas eu não entendi muito bem o que a autora queria com essas cenas, já que para mim elas não acrescentam muito na trama.

Aspectos positivos

É uma obra profundamente inspiradora, especialmente para quem se interessa por empreendedorismo e inovação. O livro tem quatro pontos altos, que são quatro discursos dados por quatro personagens diferentes. Nesses discursos é possível vislumbrar e admirar o sistema filosófico da autora que é muito interessante e consistente.

A premissa é absurdamente incrível e até me espanto que não tenha sido copiada em outras obras: o que acontece quando as pessoas que movem o mundo entram em greve?

Veredito

Até mesmo por se tratar de um livro longo e denso levei praticamente um ano lendo “A Revolta de Atlas”. Ao menos pra mim a leitura dessa obra foi uma experiência transformadora. Não li outras obras da autora mas esse livro me fez repensar muitas coisas da minha vida.

Da mesma maneira muitas pessoas que eu conheço se sentem de maneira semelhante à essa obra. É verdade que também a obra tem muitos detratores (se viram refletidos nos antagonistas talvez?) mas poucos ficam indiferentes a mesma.

Nenhuma outra obra que eu conheço retrata tão bem o aspecto heróico e mítico do empreendedor. Penso que essa obra pode e deve ser lida especialmente por quem empreende até mesmo para entender melhor o seu papel no mundo e redobrar a força para enfrentar seus desafios diários.

Recomendo a leitura, especialmente aos empreendedores, no sentido mais amplo da palavra. A todos os Atlas que carregam o mundo nas costas e muitas vezes nem se questionam sobre isso. É hora de se rebelar também?

Links da postagem:

[1] http://www.submarino.com.br/produto/7297920/livro-box-a-revolta-de-atlas-3-volumes-

[2] https://en.wikipedia.org/wiki/BioShock

[3] http://www.businessinsider.com/how-uber-ceo-travis-kalanick-was-inspired-by-ayn-rand-2015-4

[4] http://www.rush.com/2112-spotlight-on-ayn-rand/

Palestra “Como ficar milionário, só que ao contrário!”

Tive o privilégio de ser convidado pelo pessoal do PET-C3 para palestrar no IV Fórum do Engenheiro Empreendedor, organizado por diversos grupos PET da FURG. Como empreendedorismo é um tema que eu aprecio muito não tinha como recusar o convite.

Coloquei a palestra no Slideshare. Essa foi a minha primeira apresentação com estilo minimalista de verdade e em função disso só com os slides o conteúdo que eu passei fica um pouco perdido mas creio que serve ao menos para incentivar conversas a respeito. A palestra foi filmada e assim que eu tiver acesso disponibilizo por aqui.

Obrigado à todos que foram e principalmente à organização, pela iniciativa e pelo evento em si que estava muito bem organizado.